quarta-feira, 11 de março de 2015

República Velha

História - Brasil República

BRASIL REPÚBLICA – DOS MILITARES ÀS OLIGARQUIAS (1889-1930)


Os 1ºs presidentes do Brasil - Deodoro da Fonseca (1889-1891) e Floriano Peixoto (1891-1894)
A República da Espada (1889-1894)

o O papel do Exército na proclamação da República assegurou aos militares a chefia do novo governo – foi a República da Espada.

o Nessa época foi feita a 1ª Constituição Republicana, aprovada por uma Assembléia Constituinte composta por latifundiários e militares.

A 1ª Constituição Republicana
1ª Constituição do Brasil República (1891)

o A nova Constituição (1891) consagrou o ideal federativo, como desejavam as oligarquias estaduais.
o Federalismo - forma de governo em que os estados têm relativa autonomia para tomar decisões, sem a necessidade de aprovação do governo central;

o Cada estado pode criar impostos, contrair empréstimos no exterior, fixar salário mínimo e definir suas próprias leis, em conformidade com a Constituição Federal.

Características da nova lei:

o O Brasil passou a ser uma República presidencialista, dividida em três poderes: Executivo (exercido pelo presidente da República, eleito por um mandato de 4 anos); Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado) e Judiciário (Tribunais e juizes)

o Voto universal masculino para maiores de 21 anos alfabetizados – mendigos e soldados sem patentes não podiam votar; mulheres estavam excluídas do direito ao voto; voto aberto (não secreto como hoje);

o Antigas províncias agora chamadas de estados – estados com relativa autonomia em relação ao governo federal como, por exemplo, ter sua própria força militar.

o Separação Igreja – Estado – deixou de existir uma religião oficial no Brasil; surgiu o casamento civil e a liberdade de culto a todas as crenças religiosas.

o Caráter leigo do ensino público (não mais ligado à Igreja) e extinção da pena de morte.

Assim era a 1ª bandeira da nascente República brasileira (1891)
o O Brasil passou a se chamar República dos Estados Unidos do Brasil.

A consolidação do novo regime

o 1º presidente – Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1889-91), eleito pelo Congresso.

o Seu curto governo foi marcado por conflitos entre sua política centralizadora e o federalismo do Congresso, representante dos cafeicultores paulistas.

o Deodoro renunciou (1891) assumindo, em seu lugar, o vice - presidente, Marechal Floriano Peixoto (1891-94);

Cenas da Revolta da Armada (RJ) contra Floriano Peixoto (1893)
o Floriano foi apoiado pela aliança com o PRP, controlado pelos fazendeiros paulistas, fator decisivo para o enfrentamento das rebeliões que ameaçaram a República no período – Revolução Federalista (RS) e a Revolta da Armada (RJ);

o Reprimidas as revoltas os militares deram lugar aos civis – o “trono” agora era dos cafeicultores.

Charge representativa da disputa política entre Hermes da Fonseca (esquerda) e Ruy Barbosa (direita) pela sucessão presidencial em 1910
A República das Oligarquias (1894-1930)

Prudente de Moraes - presidente entre 1894 e 1898
o Prudente de Moraes (1894-98), representante dos cafeicultores, inaugurou a República das Oligarquias (palavra grega = “governo de poucos”);

o Nesse período, o poder esteve nas mãos das grandes famílias latifundiárias, filiadas aos PRs (partidos republicanos) de cada estado, sob a chefia dos cafeicultores paulistas.

Charge dos tempos da Política do Café com Leite - a disputa politica entre oligarcas de São Paulo e Minas Gerais
o Para se manterem no poder, Prudente de Moraes (1898-1902) criou um arranjo político chamado “Política dos Governadores”

A Política dos Governadores

o Seu objetivo era evitar choques entre os governos estaduais e a União e garantir o poder para grupos mais fortes no interior de cada estado;

Funcionamento da Política dos Governadores

1. Os grupos dominantes de cada estado apoiariam o governo central;

2. Em troca, o governo central (presidente) só reconheceria a vitória dos candidatos da situação (do governo estadual) para a composição da Câmara dos Deputados;

3. Para isso era preciso que a “situação” vencesse sempre. Foi criada a Comissão de Verificação dos Poderes (sob o controle do governo federal) para examinar as atas de eleições e fazer a “degola” dos candidatos não favoráveis ao governo.

o A Política dos Governadores fortaleceu o poder local exercido pelos “coronéis”, grandes proprietários de terras que controlavam os eleitores em seus municípios de influências;

O Voto de Cabresto - os "coronéis" manipulavam o voto através da violência...
o Como o voto era aberto os eleitores ficavam sujeitos desses chefes políticos locais que concediam favores (emprego, roupas, material de construção...) em troca do voto desses eleitores;

A Política do Café com Leite

o Coronéis – donos do poder em suas terras, mas a política de cada estado era controlada pelas oligarquias mais influentes;

o Dependiam delas para a concretização de muitos favores prometidos aos eleitores, como a construção de um hospital ou escola;

o As oligarquias paulista, mineira e gaúcha monopolizavam os cargos mais importantes (Presidente da República, ministros da fazenda e da Justiça);

o São Paulo e Minas Gerais eram os mais poderosos e impunham uma política de favorecimento de seus interesses;

o Essa hegemonia de paulistas e mineiros na Presidência da República ficou conhecida como Política do Café com Leite.

A Proteção ao Café
o Final do séc. XIX – grande aumento na produção de café

o Conseqüências: queda nos preços do produto no exterior;

o Diante disso, o governo federal lançou sucessivos planos para reerguer os preços do café;

Convênio de Taubaté (1906) - por esta manobra política quem sustentava o prejuízo (ou não) dos cafeicultures era o povo
o A principal medida foi feita através do Convênio de Taubaté (1906); através dela o governo fazia empréstimos no exterior para comprar estoques de café e forçar o aumento dos preços.

Euclides da Cunha (1866-1909), escritor e jornalista, acompanhou o episódio de Canudos e escreveu "Os Sertões"
A GUERRA DE CANUDOS - Uma epopéia no sertão da Bahia
 2002 – comemoração do centenário da publicação de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, uma das principais obras da literatura brasileira;

Ilustração da época de Canudos mostrando como deveria ser Antonio Conselheiro
o É a narrativa mais conhecida da Guerra de Canudos, conflito travado no sertão da Bahia entre o Exército republicano e a comunidade religiosa do beato Antônio Conselheiro;

o Não é um retrato fiel dos acontecimentos, mas uma obra que reúne ficção e realidade que preserva na nossa memória a epopéia de Antônio Conselheiro e seu povo.

Antonio Conselheiro – um peregrino do sertão

o Antônio Vicente Mendes Maciel – nasceu em Quixeramobim (CE), em 1830;

o Na infância aprendeu português, latim e francês, estudos necessários para a formação de um padre;

o Adulto, trabalhou como comerciante, professor, advogado dos pobres e empregado no comércio;

o 1871 – após dois casamentos e vários empregos, Antônio Maciel iniciou sua peregrinação pelo sertão de Pernambuco, Bahia e Sergipe, trajando camisolão azul, barba e cabelos longos;

o Pregava mensagens religiosas e aconselhava os sertanejos, além de construir e reformar igrejas e cemitérios, casas, açudes e colheitas agrícolas;

o Sua influência crescia a cada dia, arregimentando seguidores que o acompanhavam pelo sertão. Era chamado, então, de Antônio Conselheiro.

Igreja X Religiosidade Popular

Trabalho missionário no Brasil Colônia
o Durante o Império o catolicismo era a religião oficial do Brasil;

o Muitos missionários estrangeiros vinham para ao Brasil para trabalhar nas paróquias para fortalecer os rituais e sacramento da Igreja – batismo, matrimônio – além de reforçar a importância dos clérigos;

Beatos - a religiosidade popular
o Para fortalecer as cerimônias oficiais, a Igreja combatia as crenças populares – objetos, rezas, imagens milagrosas, etc. – e as lideranças religiosas leigas (beatos) que vagavam pelo sertão e cidades;

o Esses beatos pregavam uma fé espontânea próxima do cristianismo primitivo e livre do controle da Igreja;

o O choque do beato Conselheiro com a Igreja é um exemplo do conflito entre a religiosidade popular e a oficial.

Típica casa do Arraial de Canudos
o Os sertanejos reuniam-se em torno do beato para ouvir suas pregações e a possibilidade de um mundo novo onde a vida cotidiana (trabalho, moradia, alimentação) e religião eram inseparáveis.

o Essa religiosidade independente era, para a Igreja, uma ameaça que deveria ser combatida.

Canudos e sua área de influência
A formação de Canudos

o 1893 – Antônio Conselheiro e seu grupo fundam um povoamento comunitário na fazenda Canudos, próximo ao rio Vaza-Barris, no norte da Bahia – chamaram o povoado de Belo Monte;

o Lá, os sertanejos organizaram uma economia comunitária em que todos trabalhavam para o sustento do grupo.

o Havia professores, artesãos, enfermeiros e negociantes prósperos que mantinham negócios regulares com vilas e cidades da região.

Quadrinhos mostrando a saga de Canudos
o A comunidade religiosa de Canudos era independente das regras da Igreja Católica e do poder dos coronéis; tinha policia e presídio próprios e a palavra do beato tinha mais força que a dos bispos e padres.

Canudos e a obra “Os Sertões”

o Euclides da Cunha esteve no cenário da guerra como correspondente do jornal “O Estado de S. Paulo”;

o Seus escritos levaram muitos leitores de “Os Sertões” a considerar a obra testemunho fiel do conflito;

uma das várias edições da obras Os Sertões, de Euclides da Cunha
o Entretanto, sabe-se que Euclides permaneceu pouco tempo no campo de batalha, não presenciando todos os acontecimentos que narrou em “A luta”, 3ª parte da obra “Os Sertões”.

A sobrevivência em Canudos

o Às márgens do rio Vaza-Barris os canudenses cultivavam diversos legumes, milho, feijão, batata, melância, cana-de-açúcar;

o Em áreas próximas caçavam e coletavam frutas;

o A criação de bode era importante para a comunidade (couro) que negociava com vilas e cidades da região;

o As mulheres fabricavam farinha, bijus, redes; os homens fabricavam foices, machados e facas.

A guerra contra Canudos

o Canudos se tornou uma ameaça ao poder dos coronéis e da Igreja Católica, que perdiam mão-de-obra e fiéis para a comunidade;

o O governo da Bahia e os latifundiários aguardavam o momento certo para invadir o arraial;

Soldados da República antes do ataque definitivo a Canudos (1897)
o A oportunidade surgiu com boatos de ataques dos canudenses à cidade baiana de Juazeiro, irritados com o atraso de uma encomenda de madeira;

o 1896 – o ataque não ocorreu, mas o governo federal e baiano iniciou uma campanha militar contra Canudos;

o Apesar da superioridade bélica do governo, as três primeiras expedições foram derrotadas pelos sertanejos do Conselheiro;

o Canudos virou notícia em todo o Brasil e o Conselheiro passou a ser acusado pela imprensa de monarquista, louco e inimigo da República;

Depois de morto e já enterrado, os soldados desenterraram o corpo do Conselheiro para decapitá-lo
o 1897 - a 4ª expedição, do Gal. Artur Oscar, levou 10 mil soldados com armamento pesado para a região dos combates;

o Após 4 meses, invadiram e destruíram o arraial, cumprindo ordens do presidente Prudente de Moraes para “não deixar pedra sobre pedra”.
O futuro dos sobreviventes

o A destruição dos conselheiristas continuou após a queda do arraial; muitos prisioneiros foram degolados pelo Exército por se recusarem a render homenagens à República;
Sobreviventes de Canudos - muitos foram mortos depois...

o Relatos mais chocantes falavam de crianças que sofriam de inanição e apresentavam vários ferimentos devido ao conflito; muitas foram dadas aos participantes da campanha ou distribuídas entre comerciantes locais;

o A grande maioria, órfã de pai e mãe, perdia o vinculo com o seu passado.

Fonte:http://profalberto-historia.blogspot.com.br/2010/09/historia-brasil-republica.html